A estiagem prolongada fez a prefeitura de Guararapes (SP) tomar uma medida radical e desde o início do mês, o fornecimento de água
é interrompido durante a noite. Além disso, o morador flagrado
desperdiçando água será punido. A multa para o morador que for pego
desperdiçando água equivale ao dobro da conta do próximo mês. Então, se a
o valor for de R$ 30, ele terá de pagar R$ 60.
Basta andar pelas ruas de Guararapes para encontrar a maioria das
pessoas limpando a frente das casas apenas com a vassoura. Há dias
ninguém lava calçada na cidade e quem fizer isso é multado. “Concordo
com a multa, porque a gente economiza, mas outra pessoa gasta lavando o
carro, o quintal, aí não é justo”, afirma a dona de casa Zenaura Oliveira.
A medida esta prevista em uma lei municipal, onde a população está
proibida de lavar o quintal, a calçada e até o carro. O motivo é
simples: a cidade está sem água. A estiagem prolongada deixou o nível de
um dos reservatórios abaixo do adequado.
A represa é abastecida pelo córrego Frutal, que está com o nível baixo.
A água represada no local vai para a reserva de captação e segue por
tubulações até a estação de tratamento.
O diretor do Departamento de Água e Esgoto da cidade confessa que nunca
viu nada parecido. “Tenho 28 anos de prefeitura e uma seca como essa é a
primeira que a gente atravessa”, diz Fernando Arruda, diretor do
departamento.
Para que não falte água, a cidade está vivendo um período de rigoroso racionamento. Fernando explica que desde o final do ano passado a empresa é obrigada a interromper o abastecimento das casas a partir das 19h. Guararapes consome por dia 10 milhões de litros de água. Com a nova medida, a economia chega a 15%, o equivalente a um milhão e meio de litros. “As pessoas entenderam a situação e estão cooperando, isso gera uma economia de água e também na conta no fim do mês”, diz Fernando.
O almoxarife Fernando Peres nem pensa em ligar a mangueira, que fica em um canto, enquanto ele varre. Por ter caixa d'água em casa a família não sofre tanto com o problema durante a noite. “Durante o dia a gente usa o básico e enche bacia e balde para usar durante a noite”, diz Fernando.
Só que mais de duas mil casas e estabelecimentos não tem caixa d'água, o que fez com que o racionamento se transformasse em caos para muita gente. No bairro Qualitas, que fica na parte mais alta da cidade, a água não tem força para chegar. Há uma semana, a balconista Eliana dos Santos Souza não consegue lavar a louça. “Busco água em galão de 20 litros para lavar, cozinhar, então é muito complicado”, afirma a balconista Eliana dos Santos.
Problema que tem dificultado até mesmo a renda da lavadeira Rozania Maria Saran, que lava roupa para fora. “Não estou trabalhando porque não tem água, porque o pouco que tem eu preciso usar para a minha casa”, diz a lavadeira.
fonte:G1
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